Reaproveitamento de latas de bebidas, acessórios automotivos e eletrodomésticos garante economia na indústria e gera renda para cooperativas
O Brasil está em primeiro lugar no ranking do índice de reciclagem de latas de alumínio no mundo, com reaproveitamento de mais de 95% de todo o material produzido, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas (ABRALATAS). É indiscutível que a reciclagem de alumínio no país é um sucesso. Para as indústrias, o benefício da reciclagem de alumínio está na economia de energia. O processo gasta cerca de 700 Kilo Watts/hora ao ano, o que equivale a menos de 5% da energia gerada no processo de elaboração primária do alumínio, que transforma a bauxita em alumina e, depois, em barras ou chapas de alumínio. Para as cooperativas, as latinhas são uma fonte de sustento para diversas famílias.
No Centro de Educação Ambiental da Vila Pinto, na zona norte de Porto Alegre, cerca de 550 Kg de latas de alumínio recolhidas mensalmente geram renda para a comunidade local, onde moram aproximadamente 30 mil habitantes. No setor de triagem, onde trabalham apenas mulheres, a coordenadora Ana Paula de Lima explica como funciona a reutilização da matéria-prima: “O processo é rápido. Após a coleta feita por parte da Prefeitura, as mulheres triam, separam e encaminham para a reciclagem. Grande parte do alumínio que é reciclado hoje tem como origem as latas de refrigerantes, cervejas e sucos. Posteriormente, elas se transformam em outras latas, sejam de óleo, de conservas ou mesmo de refrigerantes”, resume.
O valor do material que é comercializado cobre algumas despesas da cooperativa e gera renda para 40 trabalhadoras que recebem, em média, um salário mínimo mensal. O alumínio pode ser reciclado tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada, como de sobras do processo produtivo. Além das latinhas, o material reciclado pode ser obtido a partir de esquadrias de janelas, componentes automotivos, eletrodomésticos, entre outros.
Uma alternativa sustentável
O processo resume-se no derretimento do metal. A mineração e o refino requerem altos gastos de energia, enquanto que a reciclagem exige apenas 5% da energia para produzi-lo. O alumínio pode ser reciclado infinitamente sem que haja danificação na estrutura, sendo reutilizado na produção de qualquer produto com o mesmo nível de qualidade de um alumínio recém-produzido por mineração.
Além de gerar emprego e renda, a reciclagem desse material é benéfica para o meio ambiente, já que o processo evita que as latinhas sejam depositadas na natureza. O alumínio, que é 100% reciclável, pode demorar de 100 a 500 anos para se degradar totalmente. Segundo a Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), os problemas do aquecimento global também são atenuados com a reciclagem, já que o processo emite apenas 5% do gás carbônico gerado pela produção do alumínio primário.
Você sabia?
- Quando reciclado, o alumínio consome 95% menos de energia para ser produzido que o alumínio primário;
- O metal pode ser reciclado inúmeras vezes sem perder suas características básicas, nem a sua qualidade;
- A coleta de sucata gera renda para, em média, 180.000 famílias brasileiras;
- A reciclagem de alumínio diminui a extração de bauxita do meio ambiente;
- Estimula a conscientização da população para reciclagem de outros materiais, o que reduz o volume de lixo em aterros e lixões;
- O processo de reciclagem de uma lata de alumínio, por exemplo, leva em torno de 42 dias. Esse período compreende a compra no supermercado, o descarte do material, a reciclagem e a sua volta para a prateleira.
O Centro de Educação Ambiental (CEA) é uma ONG que surgiu em 1996, através da iniciativa de um grupo de mulheres da comunidade Bom Jesus, em Porto Alegre. O CEA está localizado na Vila Pinto, Bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre, num dos bolsões de miséria da capital gaúcha. Estima-se que 70% das famílias residentes nessa região vivem em situação de risco social e garantem minimamente seu sustento através da venda de material reciclável.
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